terça-feira, 17 de setembro de 2013

Ensino se faz de pessoas, não apenas de conhecimento




Desde muito cedo, me foi passada uma concepção de educação que talvez não fosse a mais ortodoxa. Além do básico de ser "uma forma de chegar aonde se deseja e como se deseja", ir para a escola e todas suas etapas subsequentes me foram passadas como uma oportunidade de conhecer pessoas e se tornar alguém para essas pessoas. Desde então, educação para mim significa "pessoas".

Por isso, de todas as coisas mais emblemáticas da minha passagem pelo curso de Psicologia da UFG, estão os ambientes extra-classe onde tive a oportunidade de conhecer meus colegas, entendê-los, admira-los - ou não - e respeita-los pelo que são e pelo que representam. A mais emblemática talvez fosse a sala do Centro Acadêmico do meu curso, onde comecei a me tocar sobre o que é coletivo, sobre quem são meus colegas, sobre quem seriam meus amigos ou até possíveis "adversários", mas principalmente sobre o que era faculdade. Na falta de oportunidade de uma boa foto desse espaço, escolhi o segundo lugar mais agradável e propício para fotografar sobre o que eu considero ensino e a Universidade Federal de Goiás.

Depois de 4 anos e meio de curso, durante todo um semestre, tive aula com os calouros da oitava turma do curso de Psicologia. Nesse período pude conhecer de jovens com 17 anos até um colega na faixa de seus 50 anos. Todos maravilhosamente repletos de histórias, aprendizagem e muitas risadas e sofrimentos para compartilhar. Isso foi aprendizado tão valioso quanto os outros 4 anos e meio de curso, pois com eles entendi o que essas pessoas, de todos esses anos, representam para mim. Com eles aprendi que me tornei melhor ouvinte, mais tolerante, mais apaixonado por ajudar e instigar novos estudantes a aprender, sobre como é tão bom aprender quanto ensinar, sobre como as pessoas realmente são como o curso me preparou para observa-las. Durante esse semestre, todas as Sextas-feiras, saíamos do Campus Colemar Natal e Silva (Campus I) e rumávamos para o Campus Samambaia para alas de Anatomia Humana, logo as 7 horas da manhã e no meio da manhã fazíamos um longo lanche nessa lanchonete da foto, as vezes onde agora está um descampado de terra, as vezes próximo da árvore com flores amarelas. Esse lugar, onde antes era a lanchonete provisória da Faculdade de Letras e agora é praticamente um campo aberto, foi onde eu encontrei colegas - alguns quase irmãos mais novos - e descobri o verdadeiro significado de ser um veterano, revelando a responsabilidade que o ensino traz, tanto de aprender, como de ensinar. Para mim, esse lugar e essas pessoas que ele representa são o melhor da faculdade. Essas pessoas representam toda a UFG junto comigo.

Além de ser um ótimo lugar para se comer. ;)

5 comentários:

  1. Acredito que as pessoas tem muitas coisas boas, não só defeitos,ao ouvir um sujeito talvez sejamos atingidos pela curiosidade de saber do próximo e que somos mais do que a primeira e impressão. Somos gentes diferentes, cheios de particularidade e gostos estranhos pra uns pra outros não.,mas isso não faz ninguém melhor que o outros...

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  2. Fernando, também vejo os lugares e objetos pela relação que eles estabelecem com as pessoas e comigo. Criamos memórias e afetos nestas relações, e vamos nos regulando por elas e assim, constituindo nossa própria identidade...

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    1. Essas construções que acredito serem as fundações do nosso conhecimento e ferramenta para transformar o mesmo em sabedoria, ou seja, uma melhor forma de empregar esse conhecimento. Estou nessa pelas pessoas, sempre.

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  3. É legal pensar que a uns cinco anos atrás não tinha esta lanchonete, é a universidade viva, sempre se modificando =]

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    1. Ela tá sempre mudando e mudança é parte mais representativa da vida, em todas as formas, realmente.

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