quinta-feira, 4 de abril de 2019

Gabinete-refúgio







A minha trajetória está intimamente ligada a este local. O ano era 2015 e eu fazia biotecnologia. Apesar da greve, tinha que ir ao laboratório fazer experimentos todos os dias. Era péssimo, o ambiente era frio e sem atrativos. A atmosfera abafada pela cobrança exacerbada e cheiro de reagentes misturado ao DNA das PCRs.

Eu precisava de um abrigo, algum lugar tranquilo e vazio. Encontrei meu refúgio nesse gabinete. Mas não só refúgio. Lá também fiz grandes descobertas lendo muito. Devorava Gore Vidal, quando devia ler bioquímica. Descobria e me deleitava com Huxley, Graciliano e Camus, quando devia estudar o mecanismo de fisiologia.

Essa diferença me fez ver que meu interesse pela ciência era muito introdutório. Não conseguia ir além da página três. Enquanto a literatura se apresentava um mistério, um enigma maravilhoso. Então, comecei a devanear: "E se fizesse Letras...". Hoje, sou um aluno aqui (quase formando). Sou muito grato a esse lugar que me proporcionou várias descobertas intelectuais e, ocasionalmente, sonos bem dormidos.

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