domingo, 13 de dezembro de 2015

Estranho... Será?

         Na literatura há uma linha de pesquisa denominada: teoria dos formalistas russos. No texto "A arte como procedimento" Chklovsky (um desses formalistas)  explicita os três pensamentos dessa linha: a singularização, a automatização e o estranhamento. Entende-se a partir desse texto que, a linguagem literária é um exemplo de singularização pois todo texto literário necessita de uma interpretação, e, para que haja uma bela interpretação é necessário saber o contexto histórico, vida e obras do autor, etc. 
         Se examinarmos as leis gerais da percepção, vemos que mais uma vez tornadas habituais, as ações tornam-se também automáticas. Assim, todos os nossos hábitos fogem para um meio inconsciente e automático. As leis de nosso discurso cotidiano com frases inacabadas e palavras pronunciadas pela metade se explicam pelo processo de automatização. Diante disso, o processo de estranhamento, como o próprio nome sugere é tudo aquilo que é estranho perante o processo de automatização. Ficou difícil de entender?  Talvez com esse exemplo fique mais claro todo esse blá blá blá sobre teoria literária.
          
       
Lembra dessas princesas? Das histórias dos contos de fadas?  E se lembra do enredo da história de cada uma dessas? E qual é o final? Acredito que você se lembre. Porque? Ah, porque essas histórias já estão automatizadas em nossas memórias, de tantos ouvi-las já as gravamos nos nossos discos rígidos e está quase na ponta de nossas línguas todos esses contos. 

Perante isso, toda história diferente, que não termina em um "Felizes para sempre" ou que a princesa não se casa com seu príncipe encantado é estranha não é ? E aquelas histórias que  possuem várias versões, já leu aquela que você se choca de tão estranha que é? O site Mundo Estranho divulgou recentemente uma série de matérias intitulada por " A origem sangrenta dos contos de fadas", nessas matérias  o site revela a  verdadeira intenção por trás de cada conto. 
        Engraçado sabermos que existe uma teoria para explicar o nosso sentimento para quando vemos algo com o  qual nós não estamos habituados não? Isso serve para deixar nítido que literatura não é algo tão chato como é tachado, talvez isso sirvo para nos mostrar quão automatizados nós estamos. 
              

9 comentários:

  1. Esse tema é muito interessante. Parabéns pelo post!

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    1. Esse tema sempre me deixa muito curiosa Gi, por isso o interesse pelo mesmo.

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  2. Não seria o "estranhamento" uma forma de automatização?
    Já que no momento em que estranhamos uma teoria, ou qualquer coisa que seja, nos habituamos com tal informação, e na grande maioria das vezes nos "estranhamos" com o que aprendemos no passado... Em quem acreditar, no "estranho" ou no "automático" ? Seria uma forma de alienar grandes massas ?

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    1. Do ponto de vista que você me apresentou João pode até ser! Penso que podemos acreditar no estranho levando em consideração também o automático, para cada vez o estranho se tornar um automático . Alienar a grande massa com o automático ou com o estanho?

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    2. Com o estranho, já que pelo que eu entendi, podemos sobrepor qualquer informação por uma nova, seria os seres humanos ferramentas uns dos outros?

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    3. Sim! Cada ser humano é extremamente dependente do outro. E como há seres humanos e seres humanos haverá alguns que manipularam os outros. Respondi sua pergunta?

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  3. Interessante o post e as observações.
    Acredito que tanto o automatizado e o estranhamento podem ser formas de manipulação em massa.
    O que a grande massa necessita e do estranhamento a tudo que fige dos seus padrões automatizados com forma de desenvolver um pensamento critico. Para depois assimilar e acomodar essas linhas de pensamento nos seus padrões automáticos, que o próprio indivíduo estabeleceu como critério e referência.
    E não que lhe foi imposta como verdade ou automatização

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    1. Exatamente Tânia, acredito que o que a população mais necessita hoje em dia é desenvolver o seu pensamento crítico e o estranhamento é uma ótima forma para isso.

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